Quinze.

Eduarda Weizenmann
3 min readNov 27, 2020

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O que o teu time conquistou dos teus 5 anos até os teus 20 anos? Puxa na memória, faz a conta, leva em consideração as peculiaridades de cada época e pensa se foram 15 anos vitoriosos.

Um exemplo é meu pai, nascido em 1969. Estamos falando do período de 1974 a 1989. Ele, que é gremista e o principal motivo de meu gremismo, viu o Grêmio ganhar de tudo nesse período: Mundial, Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil (a primeira), sem contar os Campeonatos Gaúchos.

Já eu, nascida em 1996, não tive a mesma sorte. De 2002 a 2016, nesse recorte que eu propus, eu vi pouco. Foram três Campeonatos Gaúchos (2006, 2007 e 2010) e uma Série B, em 2005. Esse último é o protagonista de hoje, no dia que completa 15 anos. Engraçado né? Logo esse número, quinze.

Gremistas dessa época nasceram entre grandes conquistas tricolores. Eu, por exemplo, nasci no início do ano do bicampeonato nacional. Grande parte dos meus amigos, com quem estudei, nasceram enquanto o Grêmio era bicampeão da América. Mas, esse nascimento em meio a uma era de glórias foi mais uma maldição que uma bênção.

Não era fácil ir para a escola sendo uma torcedora bastante identificada com o meu time — algo que sempre fui. Desde muito nova acompanho o Grêmio, sempre foi um dos programas mais legais no fim de semana. Ir ao Olímpico, ou na casa do Vô que tinha uma TV grande (de 29 polegadas). Botar a camiseta tricolor e ir pronta pra me divertir.

Mas, terminava o fim de semana e, enquanto meu time se atrapalhava para navegar a série B, meus colegas colorados viam o time assumir a liderança do Brasileirão daquele ano. Nos anos seguintes, vi eles comemorarem o mundo conquistado. E nós contando os anos de seca.

Já pensou se o Galatto não pega aquele pênalti? Se imaginaram num mundo em que o Grêmio perde aquele jogo e não volta para a primeira divisão? É difícil né? É assustador. Esse mundo foi real por um tempo na mente de cada gremista nesse planeta por mais de 10 minutos no dia 26 de novembro de 2005.

O que? Ele deu pênalti? Não pode ser. Mas a mão tava colada no corpo! Iiiiiih, tão brigando… é, acho que não vai dar.

A tristeza era palpável no ambiente. O que seria dessa paixão de três gerações na família? O Grêmio conseguiria pagar suas contas, juntar suas cinzas e se remontar para voltar a ser o que sempre foi? Enquanto estes pensamentos iam e vinham, 3 expulsos, somados ao Escalona, expulso por bola na mão antes.

Eram 7 jogadores contra um estádio cheio com um pênalti contra. E daí aconteceu o que ninguém poderia imaginar. Nem o mais otimista dos gremistas pensava em levantar uma taça naquele momento. O Santa Cruz já comemorava o título, inclusive, no Mundão do Arruda.

Desse ponto, dessa conquista, viabilizamos o que foram os últimos anos. Pensa um pouco sobre o Grêmio de 2006 pra cá. Uma trajetória bastante impactante para um time vindo da Série B. São 10 participações de Libertadores, incluindo 5 semifinais, duas delas que culminaram em finais. Uma delas que culminou no título.

Então, quando falo sobre Grêmio, é tudo isso junto num conceito só. O Grêmio é essa loucura que faz a gente acreditar até com 7 em campo e um pênalti contra. O Grêmio nos dá motivos pra acreditar. E por isso, é muito legal ser do Grêmio!

Jamais nos matarão! 26/11/2005 está gravado na história do esporte.

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